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desmatamento motiva presença da ave
Espécie prefere áreas abertas e não costumava ser endêmica da Amazônia, mas já vinha ocorrendo no Arco do Desmatamento; registro foi feito por observador de aves de 12 anos
Anu-branco. Foto: Paulo Hoppper
Pela primeira vez, um anu-branco (Guira guira) foi avistado no estado do Acre. Mas a presença da espécie, fotografada no dia 20 de junho, em Rio Branco, pelo observador de aves mirim Rodrigo Padula, de 12 anos, não é motivo para festa. Apesar do encantamento causado por uma ave nunca antes vista por ali, a presença do anu-branco tem motivo: o avanço do desmatamento.
Comum em boa parte da América do Sul, o anu-branco não costuma ter grande presença na Amazônia: seus registros no bioma são feitos quase sempre no chamado Arco do Desmatamento, que passa por Rondônia, norte de Mato Grosso e oeste do Pará, além do sudeste do Amapá. A espécie se adapta mais facilmente a áreas abertas, onde costuma andar a pé pelo terreno, se alimentando de pequenos répteis, anfíbios e até de filhotes de outras aves. Com mais desmatamento, a ave tem caminho livre para se espalhar.
“Se você olhar o arco de desmatamento da Amazônia, o leste do Acre, onde está Rio Branco e outras cidades estão muito desmatadas e as florestas aqui são fragmentadas, então as estradas, como a BR-364 e outras rodovias estaduais foram vetores de desmatamento, criando áreas abertas para espécies que se aproveitam disso, como o anu-branco”, explicou ao g1 o biólogo Ricardo Plácido, que apontou que, ao longo do tempo, provavelmente a ave passará a se estabelecer e se reproduzir no estado.
Autor do registro no site WikiAves, o jovem Rodrigo Padula já mostra gosto pela ornitologia, o ramo de estudo de aves. Em 2024, ninguém registrou mais espécies no site especializado do que ele no estado do Acre. O gosto pela fotografia de aves é compartilhado com a mãe, Fernanda Brasil, que também é uma das 5 usuárias da plataforma com mais registros no ano. Tanto é que, no início do ano, Rodrigo lançou um livro com espécies fotografadas por ele, o “Aves do Condomínio Chácara Ipê”. “Meu livro ajuda a compreender o que é a avifauna urbana de Rio Branco”, comentou à Agência Acre.
Fonte: ((o))eco
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